No mínimo, estou aliviado: a ver pelo exemplo que sempre constituem os “famosos” que pontuam as revistas cor-de-rosa, este vai ser um Natal “à antiga”. Cláudia Vieira, por exemplo, na VIP, acha que “as pessoas não têm de ter a obrigatoriedade de dar presentes. O que dá significado ao Natal é passar uma noite agradável, confortável, em paz, com as pessoas de quem mais gostamos”. Na Nova Gente, uma misteriosa Bernardete Sabrosa, cuja profissão nem chega a ser revelada e parece não ter nada a ver com o futebolista, afirma que ama “o Natal, mas não no sentido dos centros comerciai, das luzinhas irritantes e das compras à última hora!”. Bem mais popular, a apresentadora Fátima Lopes não compra presentes nem para os amigos nem para os familiares, só para as crianças. Diz à Flash: “O Natal começou a perder o seu verdadeiro significado, que é ser uma festa de família. O presente é uma coisa perfeitamente dispensável”. Também Jéssica Athayde se mostra indignada na Caras: “Este consumismo irrita-me imenso. (...) Sou contra esse consumismo e não me interessa nada a questão de dar ou receber presentes”. São só alguns dos muitos exemplos que tenho lido.
Sinceramente, esta combinação espontânea de despojamento e humanidade que atravessa as nossas figuras da TV e os “famosos profissionais” comove e deixa-me o coração quente.
... Já não consigo vislumbrar com tanta facilidade a coerência entre o discurso do ódio ao consumismo, nesta época do ano, e o apelo desenfreado ao consumo que as mesmas figuras fazem todo o resto do ano nas campanhas de publicidade que protagonizam, nas “presenças” nos lançamentos de produtos, nas galas onde exibem os vestidos e as jóias, nos concursos onde oferecem sonhos e expectativas, na fúria do “caça-presentes” em qualquer lançamento de telemóvel ou consola.
Ou seja: de Janeiro a Novembro, é tudo estrada – e chegados a Dezembro, vamos lá ser solidários, pensar nos pobrezinhos, e fazer o discurso socialmente correcto. Por pouco não parecem políticos em campanha eleitoral.
Acho que, apesar de tudo, prefiro o comum dos mortais, que chega a este mês final do ano e pensa: que se lixe o subsidio, “bora” lá fazer umas compras antes que venha o IRS. Como se não houvesse amanhã.
Texto retirado de Pedro Rolo Duarte com a devida vénia!
Sinceramente, esta combinação espontânea de despojamento e humanidade que atravessa as nossas figuras da TV e os “famosos profissionais” comove e deixa-me o coração quente.
... Já não consigo vislumbrar com tanta facilidade a coerência entre o discurso do ódio ao consumismo, nesta época do ano, e o apelo desenfreado ao consumo que as mesmas figuras fazem todo o resto do ano nas campanhas de publicidade que protagonizam, nas “presenças” nos lançamentos de produtos, nas galas onde exibem os vestidos e as jóias, nos concursos onde oferecem sonhos e expectativas, na fúria do “caça-presentes” em qualquer lançamento de telemóvel ou consola.
Ou seja: de Janeiro a Novembro, é tudo estrada – e chegados a Dezembro, vamos lá ser solidários, pensar nos pobrezinhos, e fazer o discurso socialmente correcto. Por pouco não parecem políticos em campanha eleitoral.
Acho que, apesar de tudo, prefiro o comum dos mortais, que chega a este mês final do ano e pensa: que se lixe o subsidio, “bora” lá fazer umas compras antes que venha o IRS. Como se não houvesse amanhã.
Texto retirado de Pedro Rolo Duarte com a devida vénia!
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